domingo, 3 de julho de 2011

Quem com o Ferro Fere

      Passear com a filha no shopping ao domingo é um evento cultural. Aprendemos muito em apenas uma voltinha. A primeira coisa que descobri é que o preço do cinema parece não ter complexo de grandeza. A segunda é sempre usar o guardanapo para limpar o banco antes de sentar, ou seu traseiro vai ficar brilhando mais que o traje da destaque da alegoria principal do maior carro a desfilar na avenida no carnaval.
      Como Ana Clara anda mais chata para comer que vegetariano em churrascaria, deixei-a escolher onde e local para criança é Mac Donalds. Eu odeio tudo isso. Mas como ela passou nas provas, vamos lá!
      – Eu queria um Mac Lanche Feliz e uma promoção do Big Mac.
    – Por vinte e nove centavos, o senhor tem direito a uma batata-frita e refrigerante grandes – disse caprichando no ‘s’ final.
      – Não, obrigado.
      – Tem certeza? São só vinte e nove centavos – sorriu.
      – Tenho – rosnei.
     Por que todo vendedor acha que nós mudaremos de idéia se ele insistir? “Ah, claro. Ainda bem que o senhor repetiu, eu tinha dito não? É que meu cérebro nunca pega de primeira, sabe como é, igual carro velho”.
      – O senhor ganha alguma comissão por venda aqui no Mac Donalds? – perguntei.
      – Não.
      – Claro que ganha.
      – Não ganho nada a mais.
      – Vai, confessa! Você queria me vender a porção grande porque o gerente te dá um extra por isso.
      – Não, juro que não. Meu salário é fixo, se você não acredita em mim, pode perguntar ao gerente.
      – Eu acredito, só repeti para você ver como é chato ficar fazendo a mesma pergunta várias vezes.
     Por sorte, o atendente já tinha me servido, ou meu sanduíche viria cuspido. Amo muito tudo isso, mas acho melhor não voltar.


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