sexta-feira, 8 de julho de 2011

Piratas do Caribe em Brasília

            Ana Clara me pediu para levá-la ao Piratas do Caribe, apesar de ter torcido o pé e estar usando bengala, pai é pai. Fui. Chegando ao shopping, Ana Clara quis tomar sorvete e logo naquela sorveteria mais cara que serve um copinho minúsculo junto a um guarda-napo preto imenso. Bem que poderia ser ao contrário, afinal eu estou pagando o sorvete ou o guarda-napo?
            Com muita dificuldade, fui me arrastando para a fila, uma mão na bengala, outra no sorvete e uma terceira na Ana Clara, não me perguntem como, pai é pai (*). Esperando a fila andar, um garotinho na frente ficou olhando para a minha bengala e perguntou para a mãe:
            ─ Mãe, esse aí atrás é um dos piratas?
            ─ Não, meu filho.
            ─ Tem certeza?
            ─ Tenho.
            ─ Mas eu quero brincar com ele.
            E eu olhando a discussão e pensando: “vou dar uma bengalada nesse moleque”.
            ─ Mas, mãe, eu quero brincar com ele.
            ─ Não pode, já falei, ele é um pirata falso.
            ─ Pirata falso ─ disse se virando para mim e acertando um bico bem no meu tornozelo machucado.
            Com a dor, eu me curvei, acabei acertando a cabeça no sorvete e com o guarda-napo colado no meu olho direito. Enquanto eu via estrelas, um outro menino passou me olhando.
            ─ Pai, estão encenando aqui.
            ─ É, filho. Eu nunca tinha visto expressões faciais tão realistas. Que ator! Parece até que está sofrendo.
           
(*) Aprendi observando o Ricardo levar os tri-gêmeos para passear.

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