No último mês, eu comi feijoada todos os sábados e alguns domingos também, as exceções ocorreram nos dias da churrascaria, sempre apreciei um rodízio. Para compensar, eu prometi correr todos os dias e também ajudar o lar dos velhinhos de Santa Helena ameaçados de despejo, coitados, mas quem se importa com promessas?
Analisando friamente o fato de eu estar comendo mais e me exercitando cada vez menos, é fácil concluir que a culpa para eu estar engordando é totalmente e sem a menor sombra de dúvidas da minha ex-sogra(1). A jararaca deve estar torcendo para eu não namorar mais ninguém.
Resolvi tomar uma atitude, fui procurar meus amigos professores de educação física.
– Oi! Eu vim falar com vocês para ver se podem montar um treino para eu perder calorias. Não sei se vocês notaram, mas eu engordei um pouco.
– Um pouco? Ai! – disse Geraldo, antes de levar um pisão no pé dado por Juliane. – Quero dizer, um pouco, bem pouco, não é Juliane? Agora tira seu pé de cima do meu – sussurrou com os dentes cerrados.
– Pode deixar, Tauil. Com certeza, a gente monta um treino e você vai voltar ao seu peso normal depois de um tempo.
– Uns quatro anos, ai! – completou Geraldo, levando outra pisada. – Digo três anos, ai! Meses, três meses. Não dá para pisar no outro pé agora? Ai!
– Você pediu – cochichou Ju.
Os dois me deixaram exercitando em um aparelho enquanto se afastavam para discutir o caso.
– Você está louca? – esbravejou Geraldo. – Ele não está gordo, está enorme. Lá no meu saudoso Acre, ele ia servir para lacrar bueiro.
– Fala baixo, Geraldo. Ele está gordo, não surdo.
– Aposto que a gordura já tapou os canais auditivos.
Começo a entender a baixa expectativa de vida acreana.
Os dois colocaram a mão no queixo, coçaram a cabeça, então Ju suspirou, colocou os óculos na mesa e veio falar comigo. Enquanto ela me orientava quais atividades eu deveria fazer, mais eu entendia o quanto estava gordo.
– Ju! Eu estou deste lado, esse que você está conversando é o saco de bolas.
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